Por Magno Pino
No dia anterior à barqueata, fui à Ilha com um grupo de moradores do bairro de Setúbal colher lixo no manguezal junto com alguns moradores da Ilha, para encher o saco que foi deixado em frente ao palácio. Essa atividade foi muito interessante, pois reuniu uma grande quantidade de crianças da comunidade. Dialogamos com eles e explicamos o porquê daquela ação.
Na segunda-feira, chegamos ao Caranguejo Uçá e aos poucos as pessoas foram se reunindo. Começamos a tocar muita musica com alguns tambores, o que promoveu a interação entre diversas pessoas. Seguimos tocando até o local de embarque.
A barqueata foi puxada por quatro barcos a motor que arrastaram uma grande quantidade de barcos menores de pescadores das comunidades ribeirinhas. Várias faixas de protesto contra a degradação dos rios foram pintadas. Todo o percurso foi feito ao som dos tambores de maracatu e com muita alegria.
Ao chegar ao Palácio do Campo das Princesas diversos barcos já estavam ancorados e uma grande quantidade de pessoas já haviam desembarcado. Carregamos o enorme saco de lixo e despejamos em frente ao palácio. Alguns policiais impediram nossa passagem para o acesso ao local. Após nossa reivindicação um representante do governo afirmou que nós não seríamos recebidos, isto fortaleceu ainda mais a manifestação.
Resolvemos fechar a ponte mais próxima ao palácio. Umas 400 pessoas estavam envolvidas na manifestação inclusive diversas crianças, que formaram uma grande corrente de mãos dadas com os pescadores e outros diversos setores da sociedade que também estavam envolvidos, afinal o movimento não é apenas do pescador, mas da sociedade como um todo.
Após muitas horas de impasse, resolvemos interromper o trânsito das principais vias que dão acesso ao Palácio do Campo das Princesas. Policiais tentaram impedir nossa ação, mas aos poucos o grande número de pessoas foi tomando as ruas. A manifestação foi pacífica, e após grande tempo de espera recebemos a notícia de que algum representante do governo receberia uma comissão com representantes dos pescadores para conversar. As pessoas começaram a gritar: "Comunidade unida jamais será vencida!”. Todos estavam voltados para a frente do palácio aguardando o resultado da conversa com o governo.
Entregamos o manifesto e uma carta de intenções. Os representantes do governo agendaram uma reunião para esta segunda-feira, dia 27/08, para discutir o problema da destruição de nossos rios. Este foi apenas um primeiro passo do movimento. Continuamos na luta, e acompanhando o que ocorrerá.
O governo precisa está mais aberto para o diálogo com a sociedade. A recepção que nos deram e a negação inicial, em ao menos dialogar conosco para escutar nossa reivindicação, demonstra a distância do governo com a sociedade e o desinteresse em promover o debate com a população. Senhores do Palácio, estamos de olho.
Um comentário:
Após as reuniões da compesa, com a equipe do governo, ficou definido um cronograma de visitas técnicas as áreas críticas dos rios. A dessa decisão formou-se uma comisão, integrada pelos representantes do governo e das diversas comunidades de pescadores. A primeira visita ocorreu na comunidade do Porto Jatobá - Rio Timbó, em Abreu e Lima. A segunda visita foi ao canal situado no Espaço Ciências. Na sequência a equipe visitou a Ponte de Limoeiro, a Ilha do Maruim - Rio Beberibe, e a Bacia do Pina.
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