Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
22/11/2010 | 14h48 | Cidadania
Um projeto comunitário surgido de uma das localidades mais pobres do Recife – a Ilha de Deus – acaba de ganhar um reconhecimento de peso pelo trabalho desenvolvido com os moradores da área. Integrantes do movimento Caranguejo-Uçá, que há mais de 10 anos lutam pela conscientização social, pela preservação ambiental e pelo combate á criminalidade, embarcam no dia 30 deste mês para o Rio de Janeiro, onde recebem prêmio Orilaxé de melhor trabalho dos movimentos sociais no Brasil no setor de comunicação comunitária.
Promovido pelo Grupo Cultural AfroReggae, o prêmio é dirigido a personalidades ou instituições que, dentro de suas áreas de atuação, contribuíram para a valorização e a divulgação da cultura afro-brasileira, a diminuição da injustiça social e para o pleno exercício da cidadania.
Para Edson Fly, um dos fundadores do projeto, o reconhecimento coroa anos de esforço. “Quando algum morador daqui fazia uma entrevista de emprego ou precisava estudar em alguma escola fora do bairro, sempre era taxado de marginal. Por isso resolvemos fazer algo diferente e romper com os conceitos pré-estabelecidos”. No início, o trabalho se resumia à leitura itinerante dos jornais do dia pelas ruas do bairro, feita com caixas de som emprestadas. “Depois surgiu a ideia da biblioteca, seguida de aulas de percussão. A gente precisava desmistificar a ideia de que os moradores da Ilha passavam fome. Nossa fome era intelectual, de formação e de informação”, lembra Fly.
Como resultado de um intercâmbio com outros grupos, surgiu o Teatro de Rua da Ilha (Trilha). A intenção, segundo Fly, era mostrar aos próprios moradores um pouco de cada um deles. Em mais de dez anos de atuação, o Caranguejo Uçá vem organizando vários projetos, como os brechós culturais, o Teça no Mangue, voltado pra estudantes e professores interessados em conhecer a Ilha sob o ponto de vista ambiental, o Tele cine debate, no qual são apresentados filmes fora do circuito comercial e a Imagem inclusiva, fruto de uma parceria com o núcleo Documento Nordeste da TV Universitária.
As parcerias também possibilitaram a realização de oficinas de artesanato, customização, corte e costura, percussão, pré-vestibular, confecção de instrumentos, confecção de bolsas, rádio, iniciação à informática e teatro para os moradores.
Para o organizador do projeto, a premiação foi uma enorme surpresa. “Não somos uma instituição, não temos verba, nem financiamento, e ainda assim conseguimos levar nosso projeto adiante. Demos um salto importante na vida social da Ilha e do Recife também”, observa Fly.
Por Greyce Falcão, especial para o DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR
Nenhum comentário:
Postar um comentário