18 junho 2018

Curso de Formação de Educadores e Educadoras Populares - Escola de Formação Quilombo dos Palmares




Em mais uma etapa do Curso de Formação de Educadores e Educadoras Populares, promovido pela Escola de Formação Quilombo dos Palmares (EQUIP), a vivência dessa vez aconteceu na Comunidade Tradicional Pesqueira Ilha de Deus, através do Teça no Mangue.

A recepção aconteceu com um café da manhã coletivo, e em seguida assistimos uma das produções audiovisuais do nosso núcleo de comunicação. Na sequência, realizamos uma dinâmica de apresentação e integração "Engrenagem", que nos permitiu refletir que, tanto na educação popular, quanto na militância social é importante que percebamos e conheçamos os sons e movimentos de cada parte integrante. Dessa forma, a engrenagem como um todo pode funcionar e a transformação acontecer.



Munidos de instrumentos percussivos fizemos uma caminhada lúdica de reconhecimento e intervenção no território, onde simbolicamente instalamos uma placa educativa, informando sobre a importância de conservação do manguezal. A caminhada seguiu recheada de músicas e cantigas populares que fazem parte das manifestações culturais de povos e comunidades tradicionais. Ao longo da manhã, apresentamos ao grupo outros equipamentos sociais comunitários, como o Banco Poupança Comunitária e o Centro Educacional Popular Saber Viver. No entanto, alguns equipamentos que deveriam ser entregues após o processo de urbanização da Ilha de Deus, iniciado em 2007 e orçado na época em 80 milhões de reais, não foram finalizados. Como é o caso da Creche Comunitária, que existia há mais de 25 anos, que foi demolida em 2009 e ainda não foi reconstruída pela gestão pública, assim como a Unidade de Beneficiamento de Pescado.




Já no período da tarde, após o almoço coletivo, através da dinâmica Linha do Tempo, processo facilitado pelo companheiro Cajá (EQUIP) fizemos um mergulho de reflexão na história do Caranguejo Uçá e na história da Ilha de Deus. Essa dinâmica foi construída à partir de relatos dos integrantes e moradores da comunidade, arquivos jornalísticas e materiais institucionais. O resultado foi um "Rio do Tempo", que remonta aos tempos de fartura do pescado e sentimentos de coletivismo, presentes no surgimento da comunidade. Os primeiros moradores e moradoras, assim como pessoas externas à Ilha de Deus, que contribuíram para a formação educacional, cultural e política de pescadores, pescadoras, jovens e crianças. Em um breve olhar, constatamos que os rios que banham a cidade do Recife foram sendo gradativamente mal tratados e tornando-se poluídos, descaracterizando os territórios tradicionais pesqueiros. O descaso de sucessivas gestões com as águas, os manguezais e com as comunidades tradicionais pesqueiras, nos fazem questionar: Há racismo ambiental em Recife?

O Teça no Mangue foi finalizado com um bate-papo com Educadores e Educadoras Populares na Rádio Boca da Ilha (a rádio que não tem papas na língua), onde após uma troca de saberes, os/as integrantes verbalizaram suas impressões sobre o território e a comunidade.


"Não há saber mais ou saber menos: Há saberes diferentes." (Paulo Freire)




Caranguejo Uçá é Arte e Solidariedade!