11 setembro 2019

Seminário de Conjuntura do Nordeste.



"- Qual o campo político que nos situamos?
- Que tipo de democracia estamos pretendendo fortalecer?
- As resistências perpassam umas pelas outras como uma possibilidade de campo político?
- Qual a perspectiva de desenvolvimento local e regional e qual a relação com o contexto nacional?
- Quais são as forças antagônicas pra gente discutir todas as formas de resistência do ponto de vista do nosso cotidiano?"


Foi baseado nessas reflexões que militantes, ativistas, educadores e integrantes de um conjunto de organizações populares debateram sobre "As lutas e resistências dos Movimentos Sociais do Nordeste na disputa e construção pela Democracia que queremos", tema central do Seminário de Conjuntura do Nordeste, realizado pela Escola de Formação Quilombo dos Palmares (EQUIP) entre os dias 29 e 31 de Agosto em Recife.




Segundo Joana Santos, "O seminário não é apenas um evento, mas um processo de formação política que se junta a uma mobilização social dos movimentos populares na região, que conta com os seguintes parceiros e parcerias: ABONG, SERTA, RECID, CUT-PE, SOS Corpo, FETAPE, Centro Sabiá, CEAAL, FASE-PE, Armazém do Campo - MST, Rede de Mulheres Negras, ENFOC e Fórum de Mulheres de Pernambuco)". Durante a abertura realizada no Armazém do Campo, diversos grupos artísticos e culturais se apresentaram na feira agroecológica e de economia solidária Sandro Cipriano (educador popular, militante lgbt, da agroecologia e do campo brutalmente assassinado em Junho passado). Na ocasião, também aconteceu uma aula pública com representantes dos movimentos do campo, LGBTQI+ e analistas políticos.







Nos dias seguintes, o seminário consistiu em dinâmicas de grupo, através de rodas discursivas compostas por representantes dos seguintes segmentos da sociedade: Mulheres, Juventudes, Indígenas, Negros e Negras, LGBTQI+, Comunicação, Agroecologia/Economia Solidária e Cultura. Nos debates foram pautadas as questões estruturantes sobre conjuntura e democracia, à partir das convergências, potencialidades e impasses vivenciados por cada segmento social. Além disso, pensar estratégias de articulação dos sujeitos para enfrentar o desmonte de alguns serviços públicos e o retrocesso de direitos conquistados. Dentro de uma variedade de bandeiras, cujas lutas são plurais, permeia uma incógnita que também pode ser considerada uma força motivacional de transformação política em nossa sociedade: "Como criar uma unidade dentro da diversidade?"

"Nós precisamos fazer o caminho dos Quilombos! A gente não fugiu, a gente fez outros campos! A gente não fugiu, a gente se libertou! A gente não fugiu, a gente se organizou! Se organizou com vários, se organizou com todos e todas. Na nossa diversidade, a gente pode buscar essa unidade. A gente precisa dessa perspectiva de diferentes, mas a caminho do Quilombo, aponta Luciana, jovem, militante do movimento negro.






No segundo dia, o seminário trouxe o manifesto de lançamento da campanha latinoamericana e caribenha em defesa do legado de Paulo Freire. "Essa campanha é um instrumento político-pedagógico para difundir, debater, disseminar as ideias de Paulo Freire, e sobretudo, estimular práticas de educação popular. Paulo Freire representa um pensamento crítico latino americano, sendo uma das inspirações mais importantes para um projeto popular de país e sociedade", afirma Pedro Pontual (Consejo de Educación Popular de América Latina y el Caribe - CEAAL).



Para ler o manifesto, acesse o link:
Manifesto de Lançamento da Campanha Latinoamericana e Caribenha em Defesa do Legado de Paulo Freire

O Consórcio Nordeste lançado como estratégia político-econômica em conjunto pelos 9 governadores da região, também foi motivo de reflexões e questionamentos, sobretudo, com relação ao modelo de desenvolvimento e quais serão as prioridades. Invariavelmente, grandes empreendimentos e megaprojetos de desenvolvimento impactam drasticamente e de forma irreversível o modo de vida dos Povos e Comunidades Tradicionais, como Indígenas, Quilombolas, Comunidades Pesqueiras e Povos do Campo.  





A Ação Comunitária Caranguejo Uçá, núcleo de comunicação de uma Comunidade Tradicional Pesqueira é parceiro da Escola de Formação Quilombo dos Palmares, no sentido de ampliar as práticas de Educação Popular e pela Democratização da Comunicação. Dessa forma, realizando narrativas que integrem estas lutas nestas redes de resistência. 


Caranguejo Uçá é Arte e Solidariedade!


Imagens: Fran Silva, Hamilton Tenório e Rodrigo Lima


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